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Saudações do Ultramaratonista e maratonista

Marcos


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

490 AC - 2010 DC Athens Classic Marathon
A história da Maratona revive
Por marcos Vinicius Gagliardi – Maratonista e Ultramaratonista

Panathenaikon Stadium 490 AC - 2010 DC 2500 anos depois - A história da Maratona revive

490 AC - 2010 DC

Athens Classic Marathon A história da Maratona revive Por marcos Vinicius Gagliardi – Maratonista e Ultramaratonista Panathenaikon Stadium

490 AC - 2010 DC

2500 anos depois - A história da Maratona revive

28ª Maratona Clássica de Atenas -

Todos são vencedores

Em 2010, comemoramos 2500 anos da Batalha de Maratona com uma corrida única que foi um marco na evolução da história da maratona no esporte mundial .

A Maratona Clássica de Atenas não é apenas um evento desportivo de renome internacional. É corrida difícil, um percurso duro de 42.195 metros. Mais do que qualquer outra coisa, a Maratona Clássica de Atenas é a ponte que liga a lenda com a história e destaca o poder da vontade e da alma humana. É uma diversidade de valores, de consciência social, de consciência ambiental, de amizade e de solidariedade.

Aconteceu em 31 de outubro de 2010. O céu azul brilhou na manhã deste histórico dia, iluminando o incrível percurso original da maratona. A largada foi às 9horas (horário local), da cidade de Maratona (Marathon) e aproximadamente 13000 Maratonistas lá

estavam para enfrentar o grande desafio. O percurso vai até a cidade de Atenas com chegada no monumental estádio Panathenaikon , todo em mármore, local da 1ª Olimpíada dos tempos modernos em 1896, e também chegada da maratona da última olimpíada em Atenas.

Eu estava lá. Depois de correr 35 maratonas e 2 ultramaratonas, correr no percurso original, onde tudo começou há 2500 anos, foi uma honra , grande alegria e emoção. A corrida foi incrível, a atmosfera foi incrível e tudo se torna ainda maior porque foi o aniversário da maratona. Eu como maratonista tive o prazer de estar lá para fazer minha 36ª maratona.

No dia 31 de outubro, saímos cedo do hotel com um ônibus da organização e fomos rumo ao início de tudo, o município de Marathon. As 8:40 fui em direção ao meu bloco de largada, ali neste momento estava tocando a música do filme “ Zorba, o grego” cuja dança tem o nome de Sirtaki - uma mistura de ritmos lentos e rápidos da dança foclórica grega que embalou com seu ritmo estonteante os maratonistas; todos batiam palmas. Às 9horas em ponto foi dada a largada com tiro de canhão, a largada foi no sistema de “ondas” ou seja, a cada 2 minutos largava um bloco. Eu estava no 2º bloco e logo larguei. Inicio tranquilo, cada corredor em seu ritmo, alguns fantasiados de soldados gregos e outros de romanos.

Os primeiros 4km são tranquilos com uma descida leve. No km 2,2 entramos à esquerda e passamos em torno do Memorial de Guerra (túmulo) da batalha de Maratona. Do km 6 ao 10 o percurso é plano, o dia estava quente, comecei a aumentar o ritmo passando por alguns colegas brasileiros. Corria em média 4min e 50seg/km e até aí tudo bem, apesar da preocupação com uma lesão que tive na panturrilha semanas antes da corrida que me fez ficar sem treinar por 3 semanas antes maratona.

O sol estava cada vez mais forte, a população local foi incrível, por todo o percurso gritavam Bravo!... bravo!....e batiam palmas. Nunca tive presenciado tamanha alegria: todos estavam na rua torcendo, parabenizando os atletas,

todos eram heróis, e mais bravo!... bravo !.... e eu retribuía com Kalimera – bom dia em grego. Dava para sentir: tudo parou, a cidade parou, a maratona 2500 anos estava passando, todos queriam ver....uma grande emoção, um povo sensacional.

Do km 11 ao 17 uma subida grande e acentuada nos 2 primeiros km. Meu ritmo estava em torno de 5min/km. Consegui mantê-lo, mesmo na subida. No km17 uma descida com uma inclinação acentuada, neste momento aproveitei para recuperar o fôlego, mas mantendo o ritmo. Ainda estava no início, e a longa...longa subida estava próxima...

A cada 500metros por toda a maratona dois socorristas lá estavam, com assessórios, sprays, para qualquer eventualidade com algum corredor. Muitos paravam para serem medicados, atendidos.

O abastecimento também foi impecável: água em temperatura fria e ambiente a cada 2,5km e, em muitos postos de abastecimentos, também esponjas com água para refrescar, isotônicos, bananas e barras de cereais, também banheiros químicos a cada 2,5km. Organização impecável.

No km18 inicia-se a longa...longa subida, em algumas partes não tão acentuadas e em outras mais intensa. O problema era a extensão da subida que não dava refresco. Quando parecia que iria ficar plano...mais subida e foi assim até o km 37. No km 23 tive que reduzir o ritmo pois sabia o que esperava, muitos maratonistas também reduziram e muitos andavam nesse longo trecho de quase 20km de subida.

O percurso variava de campos, montanhas, lindas paisagens no horizonte e residências, até entrar em Atenas.

Além da camisa do Mackenzie, no meu shorts coloquei uma bandeira do Brasil, e muitos turistas, gregos falavam: Brasili.... Brazil.....!!! Bravo....! bravo!.. até crianças gritavam Brazil...! bravooo!!

Isso dava forças...o calor apertava, o ótimo abastecimento minimizou o desgaste provocado pelo sol.

Logo após um viaduto, o viaduto da Cruz (km 30 ao 31) a subida se intensifica e ainda prolonga-se.

Muitos e muitos aplausos e mais Bravo!! Bravo!!

No km 37,5, a subida terminou, sabia nesse ponto que estava bem e que iria chegar forte no estádio, estava com reserva de energia. Imprimi um ritmo mais forte em torno de 5min/km.

No 39 km uma grande e suave descida pela Sofias Avenue . Os corredores passam sucessivamente em frente da Embaixada Americana, o Concert Hall e do Parque da Liberdade (km 40), que é o último local de abastecimento(água) para os corredores, aproveitei para pegar a ultima garrafa de água, antes da chegada. Passamos pelo museu da guerra, e na última parte do percurso da maratona (41 km) passamos pela Mansão Maximos, o Palácio Presidencial e o Parque Nacional. Aqui uma longa descida de aproximadamente 1km levam os corredores até o monumental estádio Panathenaikon... Grande população ali também gritando Bravo!... bravo!! Estava perto....Ao final da descida abri os braços e agradeci as pessoas que lá estavam, fiz a curva que dá acesso ao estádio, e entrei no histórico estádio relembrando nosso grande maratonista Vanderlei de Lima, nos jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, “voando” com os braços abertos...como avião...

A 170 metros do pórtico de chegada da maratona sobre o tapete de borracha (Tartan), abri o braços novamente , a emoção era grande, agradeci as inúmeras pessoas que gritavam, Brasil!!, bravo....bravo!!

Passei pelo pórtico de chegada, completando os 42km e 195m, com o tempo de 4h e 04minutos, que dentro da dificuldade da prova e por tudo que passei anteriormente ( recuperação de lesão) um belo tempo, apesar

que nesse momento o que mais importava era estar ali, e ter feito bem essa maravilhosa maratona de 2500 anos.

Foi uma honra estar ali, reviver o percurso original da maratona e comemorar os 2500 anos da batalha de Maratona. O ambiente estava fantástico , conquistei duas lindas medalhas. Hoje, amanhã.. depois... vou poder dizer que corri, estive ali na Maratona, no aniversário de 2500 anos.

Obrigados a todos que confiaram em mim, e me apoiaram, agradeço ao Mackenzie pelo grande apoio e incentivo, muito obrigado...

Marcos Vinicius Gagliardi

Maratonista e Ultramaratonista

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